Cansaço, dor aqui e dor ali, rendimento caindo… o envelhecimento está batendo insistentemente na minha porta, não tem como negar.
Antes, 60 horas de plantão no final de semana. Agora, 10 horas diárias de trabalho e só sobra o meu pó no final do dia – é só me recolher num cantinho de casa e sobreviver até a hora de dormir (rs)
Bom, há alguns dias, começou meu ciclo dos 38 anos – e eu sigo com a sensação interna de ter 25 (ouvia minha mãe dizer isso quando eu era adolescente e, internamente, ria muito – pois é…). Ainda que com todo o cansaço e as dores e as rugas, eu amo fazer aniversário! E minha melhor amiga, sabendo disso, falou: “Escolhe o restaurante do almoço, realizarei sua vontade!”.
Com tanto lugar incrível e comida gostosa em São Paulo, é uma alegria poder ter acesso a essa escolha. Mas é também um teste pra nossa mente humana, que quer tudo ao mesmo tempo, que nunca quer perder nada.
O primeiro encontro com o vegetal
Pois bem: eu gosto de comer, muito mesmo, mas gosto mais ainda de lugares bonitos! Então, escolhi um restaurante em São Paulo quem tem uma árvore linda, uma Figueira (o vegetal), que eles estimam ter entre 120 e 150 anos! 😮
Lembro até hoje da primeira vez que fui nesse lugar: desci do carro tentando não ser atropelada e tentando manter o mínimo de compostura, arrumei a roupa que estava toda torta e, então, ergui a cabeça pra ver onde tinha que entrar… Meus olhos não acreditavam no que viam.
Na minha frente, uma árvore com um tronco que parecia não ter fim – lembro que pensei: “Nossa, precisaria de umas 30 pessoas pra abraçar essa árvore! (Rs)”. Raizes robustas prendiam ela ao chão, com um compromisso grandioso de manter todo aquele esplendor em pé. Galhos e mais galhos, folhas e mais folhas subiam, se espalhavam sem vergonha de ser e de aparecer, subiam rumo ao Céu, clamando por luz, muita luz!
O melhor presente de aniversário
Então, pra comemorar minha entrada nos 38, quis viver essa experiência novamente – e, pra minha surpresa, foi melhor ainda!
Ganhei uma mesa bem em frente à Figueira. Meus amigos me deixaram sentar na melhor cadeira, com a melhor visão. E, entre um provar da burrata e da salada, outro provar do purê de abóbora com cogumelos (o melhor que já comi na vida!) e da fraldinha no ponto da casa… Um flerte entre a Figueira e eu.
Admirei suas raizes fortes e pensei: “É isso. Preciso ter princípios de vida, regras de retidão, um eixo feito de honra e bondade pra conseguir me sustentar”.
Olhei praquele tronco enorme: “Preciso ter conteúdo. Preciso correr atrás de aprender, de praticar o que aprendo, de construir sabedoria, pra me manter em pé e pra ter conteúdo de qualidade pra oferecer pras pessoas e pro mundo”.
Ergui a cabeça e vi muitos, muitos galhos que traziam sombra e beleza pro nosso dia: “Quero dar frutos. Quero ser cobertura, colo, harmonia… Quero conseguir ser paz”.
A Figueira não só coloriu meu dia de aniversário – ela me deu uma aula de como ter um sentido de vida, de como me construir um ser humano melhor, de como fazer parte desse enorme Todo que é a Existência.
Flerte com o vegetal você também. É um presente da Natureza pra todos nós (desembrulhe e aproveite!).